quarta-feira, 2 de maio de 2012

Lugano, a Suíça italiana

Semana passada estivemos em Lugano na Suiça, uma linda cidadezinha de 60 mil habitantes que fica entre montanhas, com vista para os alpes e um lago imenso.
Fomos de carro saindo de Milão e percorremos pouco mais de 50 km para chegarmos, na Aduana Suiça fomos parados, pensei que viriam aquelas perguntas básicas, "onde vão, quanto tempo?" enfim, mas não, era só para nos venderem um selinho para colar no para-brisa, que permite percorrer a Suiça toda de carro por um ano. Uma guarda chega e informa que o valor é de €40,00 e ela dá 6 Francos Suíços de troco,  bem carinho. Achei bem chato turista ter que comprar isso, é tipo um IPVA. A estrada é bem movimentada, passa pelo Lago de Como e vai seguindo entre as montanhas atravessando túneis.
Lugano é bonita logo na entrada e é do tipo sobe morro, desce morro até se deparar com o Lago Lugano e sua vista encantadora.


A orla é muito bonita, com lojas de grandes grifes como Luis Vuiton, Ermenegildo Zegna, Rolex e por aí vai.
Lugano é um pedaço da Itália dentro da Suiça, até o idioma local é italiano, isso segue evidente pelas ruas e pela sinalização da cidade.



A nossa primeira tarefa era procurar um lugar para estacionar, o que é um problema terrível por toda Itália, mas na Suiça foi bem tranquila, achamos um estacionamento central e por um preço justo a CHF6,00 por quatro horas, o equivalente a R$12,54. Nunca paguei menos que €10,00 por um estacionamento na Itália.
Esse jeitinho de cidade pacata engana, Lugano tem uma vida social muito ativa, repleta de eventos, veja alguns:


Lugano Festival Martha Argerich
05 de julho - 16 setembro 2012

36 ª edição da Temporada de Música Clássica 
O que é muito especial sobre este evento é de que grandes shows são realizados na mais exclusiva configuração, como em igrejas e salões públicos em muitas localidades ao redor de Lugano. Todos os concertos são gratuitos.


  Estiva Lugano
15 de junho - 26 de agosto

Verão ... um desejo de noites quentes ao ar livre! Todas as noites de sexta e sábado o tráfego está proibido na avenida junto ao lago, e a cidade ganha vida com shows, peças teatrais, apresentações de dança, exibições de filmes, atividades lúdicas para crianças e muito mais.
São 170 eventos para 11 fins de semana, divididas em oito temas diferentes: Música, Teatro, Cabaret, Matinée, Cinema do bebê, além de alguns novos como o folclore e música boa. Haverá mais de 300 artistas presentes e 100 jovens que trabalham no evento.

Outono em música Lugano
31 outubro - 20 dezembro 2012

As noites de outono de um festival musical dedicado à música clássica altamente prestigiado com a Orquestra da Suíça italiana, maestros internacionais e músicos participantes.


O Festival de OutonoLugano
de 05 - 07 outubro de 2012

No primeiro fim de semana em outubro, Lugano comemora o início do Outono com uma festa dedicada aos produtos locais. Muita comida servidas nas mais diversas barracas dispostas na cidade.

E tem mais, para maiores informações veja o site da cidade: http://www.luganoturismo.ch/it/32/default.aspx 



A cidade mistura o antigo com o moderno, tem muita gente jovem e turistas.


As calçadas são uma benção e um convite ao salto alto; as escadarias, ideais para pagar promessa, afff kkkk.


É tudo muito limpo e organizado.



Esse é o terminal de ônibus urbano.




Uma curiosidade sobre Lugano é que os luganeses acham o Monte San Salvatore muito parecido com o Pão de Açúcar, olhando assim na foto abaixo, faz lembrar mesmo, o que acham?




Esse deve ser um lugar incrível para se viver. Posso falar pouco dos preços, porque fizemos um passeio bem de turista, só vi vitrines de grandes grifes e comi uma fatia de torta numa linda confeitaria a CHF6,00 e sorvete na rua a CHF2,00.
Lugano é daquelas cidades que parecem cenográficas, sua limpeza, organização e beleza enchem os olhos.
Deixou em nós uma sensação de "Quero mais", amei!


Quero muito voltar no verão para um passeio de barco, caminhada pelas montanhas e curtir o Festival de Verão, humm.










quarta-feira, 25 de abril de 2012

Festa della Liberazione

Hoje dia 25 de abril é feriado nacional na Itália por dois motivos: 

Dia da Libertação na Itália. Este dia celebra a “Festa della Liberazione”, que relembra a saída definitiva dos nazi-fascistas da Itália em 1945 e a configuração da Itália tal como a conhecemos hoje. Durante este dia, organiza-se um desfile pela praça do Duomo de Milão, com a banda tocando canções como o hino nacional italiano. Coincide em outras cidades com a celebração da Festa das Flores(Camerino está um silêncio só!).


Dia de São Marcos em Veneza, a Igreja celebra a sua memória em 25 de abril. No ano 310, uma igreja foi construída sobre as relíquias de São Marcos Evangelista assim com Mateus e Lucas. Em 820, quando os árabes muçulmanos tinham estabelecido o seu domínio no Egito e oprimido a Igreja Cristã, as relíquias de São Marcos foram transferidas para Veneza e posta na igreja dedicada a ele. Os venezianos celebram o dia do seu patrono com uma famosa procissão na Basílica de São Marcos. Durante este dia, os venezianos têm o costume de oferecer uma rosa as mulheres de quem mais gostam(que amor...).







Achei uma matéria bem interessante sobre a libertação italiana, é bom pra conhecer um pouco mais a história recente desse país:

"Na Itália o dia 25 de Abril é comemorado como o Dia da Libertação, libertação simbólica da Itália da ocupação alemã, no fim da Segunda Guerra Mundial, pois em 25 de abril de 1945 as cidades de Torino e Milão, no norte da Itália, foram "liberadas", abandonadas pelos nazistas que se retiravam para a Alemanha. Os nazistas, aliados dos fascistas, abandonavam definitivamente a Itália depois de terem recuado, pouco a pouco, subindo a "bota" desde que as tropas anglo-americanas tinham desembarcado na Sicília e no sul da Itália, em julho de 1943, provocando a queda de Mussolini como primeiro-ministro. A ocupação militar da Itália pelos nazistas ocorreu em 8 de setembro de 1943, quando a Itália assinou um armistício com os Aliados e o rei e seus ministros abandonaram Roma, deixando o exército italiano despreparado e sem instruções de como se comportar nessa nova situação, um verdadeiro desastre político e militar.
Com os Aliados no sul e os alemães, aliados com remanescentes fascistas fiéis a Mussolini, ocupando todo o centro e o norte da Itália e resistindo ao avanço dos aliados, a luta se prorrogou até abril de 1945. Foi quando surgiram os "partigianos", civis e ex-soldados italianos, de todas as tendências políticas, monarquistas, católicos, socialistas, comunistas... que com táticas de guerrilha passaram a opor-se às forças nazistas e fascistas.
Por isso, para os vencedores aliados e "partigianos", o dia 25 de abril representa a esperada libertação, enquanto para os fascistas fiéis a Mussolini até o fim (ele foi feito prisioneiro e morto em 28 de abril de 1945) ela no máximo representa o fim da Guerra, pois eles interpretam a "libertação" aliada como uma verdadeira "ocupação".
E' por isso que, até hoje, mesmo na Itália, a celebração da Festa da Libertação provoca discussões e contrariedades. Esse conflito entre antigos fascistas, contrários à celebração, e as demais forças políticas, favoráveis aos aliados e aos partigianos, se reflete também no exterior. Em 2009 o Circolo Toscano, com a colaboração do Comites, conseguiu comemorar a Iª Festa da Libertação, tendo como ponto central a projeção e mante-prima do  filme " Milagre em Sant'Anna", do diretor americano Spike Lee, que se baseia em eventos reais acontecidos naquele "paese" de Sant'Anna di Stazzema, nos Montes Apuanos (Lucca) em 12 de agosto de 1954, entre alemães e partigianos, onde a população civil de velhos, mulheres e crianças teve 560 mortes. Essa primeira Festa da Libertação foi um evento marcante, ainda relembrado por muitos. E foi com um espírito de pacificação, que norteou aquela primeira manifestação pluripartidária."

Fonte: http://www.oriundibrasil.com.br/inicio/images/stories/oriundi/edizione116/ORIUNDI-MAI-2011-1213.pdf

Amanhã, dia útil na Itália, vamos a Milão tirar os documentos de cidadão. Será um grande dia!!

As lembranças tristes da segunda guerra estão expostas por toda a Europa, acho que como uma forma de não se deixar esquecer as atrocidades para que não sejam repetidas nunca mais!.


terça-feira, 24 de abril de 2012

Manovra Salva Italia



No final de dezembro de 2011, o primeiro ministro Mario Monti, que ocupa o cargo desde meados de novembro, aprovou a manobra nominada "Salva Italia", e 2012 começou com diversas medidas para o crescimento do país.
Uma das medidas é a "Liberalizzazione", que consiste na redução de certas restrições precedentemente existentes. Aplicado principalmente para o mercado e comércio. Por exemplo, não há mais restrições na produção de pães, e no número de padarias por comune, não existirá mais a restrição de distância mínima para estabelecimentos comerciais do mesmo tipo; não terá mais restrições rígidas de horários de funcionamento dos estabelecimentos comerciais, com isso, os shoppings e grandes mercados estão abrindo de segunda a segunda, diferentemente do que acontecia antes. Tudo isso para aumentar o consumo, agitar o comércio e movimentar a economia.






Mudaram também o limite de idade para se aposentar, as quotas de imposto de renda, e o fisco está mais "em cima". Em Cortina, uma cidade "chique e elegante" da montanha, foi "parada" pelo fisco, e muita gente rodou! Gente com carrões importados que sonegavam impostos, declarando isenção de imposto de renda como se ganhassem como a classe operária! E, sinceramente, esse é o caminho! Pois na crise, só os "pobres" acabam sentindo mais, os ricos continuam ricos e senão, cada vez mais ricos. Pra ganhar mais, fazer mais dinheiro, a galera sempre dá um jeitinho de burlar regras, leis e a honestidade! Então, fisco neles! Ganha mais, paga mais impostos, nada mais justo!
A manobra também foi aplicada à rede petrolífera, com a abertura dos mercados, fazendo com que os distribuidores de combustíveis não têm mais o vínculo de exclusividade, ou seja, um Esso pode comprar carburante da Agip, por exemplo. E não foi só essa medida neste setor, os preços estão cada vez mais altos, e se não fosse o frio, já tava todo mundo de bicicletas nas ruas.





Enquanto isso, há protesto por parte da população e da imprensa culpando o governo pelo endividamento público, pedindo que elimine de forma clara e incisiva todo e qualquer privilégio (pagos a funcionários públicos e políticos) que é uma praga que se alastra por toda a Itália.
As reclamações são muitas e estão espalhadas por sites de notícias e Blogs, elas falam do aumento de 2% do IVA, que é o imposto sobre tudo, desde o pão a um carro; falam da Igreja, que para esta não incindirá nenhuma medida, que os mais de 50 edifícios do Vaticano que abrigam bancos e comércios que por lei deveriam pagar impostos como qualquer mortal continuam isentos, reclamam que a igreja não colocará nenhum centavo para Salvar a Itália! 
Bem, para nós essas notícias não assustam, não será nossa primeira crise, já vimos até um governo que confiscou o dinheiro de uma população inteira como medida para combater crise; já vimos cortar tantos zeros da moeda, que perdemos a conta; vimos a moeda mudar de nome muitas vezes; vimos políticos serem filmados roubando e mesmo assim serem inocentados no tribunal composto por seus amigos e comparsas. Então, vamos ver de perto como o Velho Mundo resolve suas crises, espero que não seja só no tal do Blá Blá Blá e não quero sentir cheiro de pizza, ui!

Fontes: http://sonhosnaitalia.blogspot.it/2012/01/salva-italia.html
             http://attualita-e-opinioni.noiblogger.com/manovra-monti-salva-italia-le-disuguaglianze-di-uno-stato-marcio/
             http://altocasertano.wordpress.com/2011/12/08/primo-piano-crisi-economica-e-manovra-salva-italia-il-popolo-italiano-non-ha-nulla-a-che-fare-con-il-debito-pubblico/



Crise: passei por tantas, lembro que meu pai sempre antevia as crises, poder da experiência de viver num país de tantas idas e vindas.

domingo, 22 de abril de 2012

Desejos, para ajeitar a casa!

Desejos, eu preciso deles para seguir adiante.
Preciso desejar algo, alguma situação, alguém, e toda vez que falo dos meus desejos eu me lembro de uma teoria de Nietzsche em que ele afirma que amamos mais desejar do que o objeto do desejo em si, acho que sou dessas. Muitas vezes me satisfaz apenas desejar.
Estou no processo de pensar num novo lar, seja onde for que venhamos a nos estabelecer.
Nesse momento desejo, quero uma cama, e encontrei uma que foi amor a primeira vista, ela é simples, como os outros itens que gostei, mas num ambiente acalorado por outros móveis e colcha com almofadas vai ficar perfeita, e o melhor, pela bagatela de €160,00 (sem o colchão), delícia, desejo que será realizado!!









Achei na mesma loja, IKEA, o criado mudo, também simples de um jeito que muito me agradou e o preço nem se fala, €40,00.




Encontrei também um lindo berço para o meu bebê, também bem simples, na realidade o suficiente.
Tem outras opções de cores, mas eu fico com o alegre verde por €60,00, não era o mais barato da loja!


Quando encontrei esses objetos e por esses preços, foi inevitável a comparação com as coisas e os preços no Brasil. Para mim ficou muito claro que o Brasil não é um país para todos, é um país para poucos privilegiados que podem pagar por itens de conforto e de qualidade, porque Casas Bahia aqui, morreria de fome. Esses são produtos de qualidade, a cama não range, é super firme, pesada. O criado tem a gavetinha que desliza suave e juntamente com o berço, possui acabamento perfeitinho.


Os preços são bemm atraentes mas ainda não tive coragem de fazer a conta de quanto ficaria arrumar a casa inteira!

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Escorredor de louça

Aqui descobrimos diversas curiosidades, e hoje vou falar da que mais afetou o meu dia dia o scolapiatti escorredor de louça.


Ele é demais, tudo de bom, muito prático!
Fica em cima da pia, dentro do armário que não tem a parte debaixo e a água escorre tranquila direto na pia, bingo! Não vi desvantagem alguma.
Deveria ser item obrigatório em qualquer cozinha!

Esses italianos adoram praticidade em tudo, eles parecem a mãe da gente, cheios de experiência e sapiência.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

"A" mudança parte I



Quando estávamos nas vésperas de mudarmos do Brasil senti diversas dores, dores da alma, dores do coração, pensei que fosse morrer antes de conseguir pegar o avião. 
Essa é a palavra: morte. Falei muito com a minha mãe sobre isso, que por sua vez vivenciou o velório.
Esse processo doloroso passou por muitas etapas, sempre se revezando com o choro, a parte dos pertences materiais era a representação física do que ocorria no fundo do meu coração:


1. Por onde começar.
Colocar na cabeça que nossas vidas deveriam caber dentro de 7 malas de 32kg foi o primeiro e inacreditável, passo. A mente demora a entender, 15 anos de casamento, 2 filhos, muitas e muitas coisas acumuladas, colecionadas, guardadas, amontoadas. Uma casa re-ple-ta de lembranças, de infância, da adolescência, de viagens, de amigos, de família, festas, enfim. Quadros, fotos, cartas, livros, revistas, miniaturas,
badulaques e brinquedos. Meu Deus!! Deixar tudo! Repetí mentalmente muitas vez: "As vezes, para ir para frente é necessário deixar tudo para trás, tudo para trás, tudo, tudo, tudo".



2. O que é importante.
Depois da primeira etapa entendida essa foi bem estranha, me deu uma vontade súbita de não levar nada, doar tudo ou melhor não mexer em nada. Deixar como está, tal qual como quando se morre de morte morrida. Eu sentia uma certa revolta por ter guardado tanto, por tanto tempo e não poder levar comigo, a própria revolta do morto. Com a cabeça mais no lugar e com o incentivo da minha mãe refiz minha análise, levar aquilo que é importante. Importante, nesse caso, seria aquilo que me fizesse sentir em casa onde quer que eu estivesse e obviamente que coubesse na mala, meu aparador querido e meu criado mudo provençal, por tanto, estavam fora de cogitação. Pensei nos presentes para lembrar das pessoas, pensei nos livros pra não morrer de saudades do português, pensei em alguns objetos que eu mesma adquiri por escolhas bemm acertadas e que fizeram da minha casa o meu lar. E no meio disso tudo foram se fechando malas, uma após a outra, todas as sete.



3. A dúvida.
Depois de tudo encaminhado, veio a dúvida: Será que devo mesmo levar aquilo? Não seria melhor deixar e abrir espaço para aquele outro? Ai, que cansativo, que medo de me arrepender depois!! Mas, fazer o que? A vida é bem desse jeito, feita de escolhas, umas acertadas, outras erradas. Sempre me fazendo lembrar que era necessário manter o foco, não desperdiçar energias, tinha muito por vir e eu precisaria de muita força. Escolhi como pude. Não imaginei que pudesse ser tão desgastante, no último dia remexi algumas malas, numa mistura de incerteza e de fuga, fiquei horas nessa função, mal olhava para os lados, acho que foi a forma que eu encontrei de sobreviver ao último dia na minha casa, sem EU desmoronar.



4. A despedida.
Essa foi a etapa mais forte, a que vai permanecer na lembrança por toda a vida.
                 

 ----- continua------









Esse Post precisava ser dividido, é muita emoção recordar tudo isso, pausa para enxugar as lágrimas, snifff...